Agência Brasil

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2016. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Aos Fatos assina compromisso internacional por conduta transparente

Por Tai Nalon

15 de setembro de 2016, 15h00

Organizações de checagem de fatos em 27 países assinaram e publicaram, nesta quinta-feira (15), um código internacional de princípios e condutas que nortearão suas práticas. O objetivo é certificar leitores e espectadores de que eles terão acesso a material desenvolvido por veículos apartidários e comprometidos com a transparência de suas atividades.

A iniciativa é gestada desde a última conferência global de checadores, em junho passado, em Buenos Aires, e capitaneada pela International Fact-Checking Network, baseada no Poynter Institute, nos Estados Unidos. Ocorre num contexto em que organizações jornalísticas partidárias e redes sociais amplificam e disseminam mentiras perpetradas por autoridades pouco inclinadas a tratar fatos com a devida exatidão.

A checagem de declarações de políticos como conhecemos existe nos EUA desde 2003, com o lançamento do FactCheck.org. Em 2007, surgiram o PolitiFact e o Washington Post Fact Checker. Desde então, várias organizações semelhantes emergiram no mundo. Hoje, segundo o Duke Reporters Lab, há mais de 100 iniciativas — três no Brasil.

No entanto, conforme aponta Alexios Mantzarlis, do Poynter Institute, algumas organizações têm usado o termo fact-checking como uma espécie de selo de qualidade para seu conteúdo. Porém, na prática, fazem algo bem diferente disso. Em alguns países, grupos partidários se apropriam do termo para disseminar suas ideias, sem preocupação com o método. O objetivo é que pareçam imparciais e respeitáveis.

Dentre os checadores profissionais, as diferenças permanecem. Além de terem origem em diferentes países e culturas, são ligados a jornais, universidades, organizações não governamentais. Porém, o que os une, além da dificuldade de se financiar, é a ênfase na qualidade, na consistência e na transparência de sua produção jornalística.

As organizações que se propuseram a assinar o código de conduta deverão publicar um relatório anual que explique como têm perseguido e cumprido os cinco princípios que norteiam esse compromisso comum.

Aos Fatos, como signatário desse documento, se compromete a segui-lo com rigor. Algumas de suas exigências já são cumpridas, como a publicação de um método claro, a explicação e a didática ao checar fatos e declarações, a transparência do nosso financiamento. No entanto, comprometemo-nos a publicar, em breve e em uma única página permanente, todos esses compromissos juntos.

Veja, abaixo, o que consta desse código.


(1) UM COMPROMISSO DE APARTIDARISMO E EQUIDADE

Checamos declarações usando os mesmos parâmetros para todas as nossas checagens. Não concentramos nossas checagens em um só lado do espectro político-ideológico. Seguimos o mesmo método em todas as nossas checagens e permitimos que as evidências ditem nossas conclusões. Não advogamos por agendas políticas ou declaramos preferência ideológica em assuntos que checamos.

(2) UM COMPROMISSO PELA TRANSPARÊNCIA DAS FONTES

Queremos que nossos leitores tenham autonomia para comprovar o que apuramos. Fornecemos acesso às nossas fontes detalhadamente, para que os nossos leitores possam replicar nosso trabalho — à exceção de casos em que a segurança da fonte esteja sob ameaça. Nessa hipótese, oferecemos o máximo de detalhes que for possível.

(3) UM COMPROMISSO PELA TRANSPARÊNCIA DE FINANCIAMENTO E ORGANIZAÇÃO

Somos transparentes em relação à origem do nosso dinheiro. Se aceitamos financiamento de outras organizações, asseguramos que nossos financiadores não tenham influência sobre as conclusões de nossas reportagens. Detalhamos o histórico profissional de todos os principais membros da nossa organização e explicamos nossa estrutura organizacional e nossa situação jurídica. Também indicamos claramente maneiras de nossos leitores entrarem em contato conosco.

(4) UM COMPROMISSO COM TRANSPARÊNCIA DE MÉTODO

Explicamos nossa metodologia: como selecionamos, pesquisamos, escrevemos, publicamos e corrigimos nossas checagens. Encorajamos nossos leitores a nos mandar temas para checagem e somos transparentes a respeito de como e por que checamos determinados fatos.

(5) UM COMPROMISSO COM CORREÇÕES FRANCAS E AMPLAS

Temos uma política pública de correções e a seguimos escrupulosamente. Corrigimos com clareza e transparência, de acordo com nossas práticas públicas. Divulgamos o resultado final, de modo que nossos leitores tenham acesso à versão corrigida.


Os signatários desse compromisso, em 15 de setembro de 2016, são:

Africa Check (África do Sul)

Agência Lupa (Brasil)

Aos Fatos (Brasil)

Balkan Investigative Reporting Network Kosovo (Kosovo)

Chequeado (Argentina)

Demagog Czech Republic (República Tcheca)

Demagog Poland (Polônia)

Doğruluk Payı (Turquia)

El Deber Data Bolivia (Bolívia)

El Mercurio El Poligrafo (Chile)

El Objetivo La Sexta (Espanha)

Factcheck.org (EUA)

FactCheck Georgia (Georgia)

FactCheck Northern Ireland (Irlanda)

FactCheck-Ukraine (Ucrânia)

FactChecker.in (Índia)

FactsCan (Canadá)

Faktabaari (Finlândia)

Full Fact (Reino Unido)

GKillCity.com (Equador)

Internews Kosova (Kosovo)

Istinomer (Sérvia)

Metamorphosis Foundation (Macedônia)

Ojo Publico (Peru)

Pagella Politica (Itália)

Pesa Check (Quênia)

PolitiFact (EUA)

Snopes (EUA)

South Asia Check (Nepal)

TheJournal.ie (Irlanda)

UY Check (Uruguai)

Valheenpaljastaja (Finlândia)

VoxUkraine (Ucrânia)

The Washington Post Fact Checker (EUA)

Zašto ne Istinomjer (Bósnia)

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