Aos Fatos assinou nesta quarta-feira (10) a "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito", documento organizado pela Faculdade de Direito da USP e endossado por mais de 860 mil signatários e 300 entidades. A adesão vem em resposta ao uso de desinformação para minar instituições afins à democracia, como a imprensa e o sistema eleitoral.
O documento alerta para um "momento de imenso perigo para a normalidade democrática" devido ao reiterado sinal de desrespeito ao resultado das eleições presidenciais. Também não cita nomes, mas rejeita ameaças de ruptura democrática com "ataques infundados e desacompanhados de provas" contra as urnas eletrônicas, a Justiça Eleitoral e o sistema de votação. Perpetrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, essa ofensiva também mira setores da sociedade civil, como a imprensa e vários movimentos sociais.
"No Brasil atual, não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições", diz a carta. Ela será lida durante ato em São Paulo, na próxima quinta-feira (11).
"Aos Fatos decidiu aderir ao movimento devido ao dever cívico e de ofício de seus jornalistas de resguardar os fatos. Os inúmeros ataques às instituições democráticas com desinformação geraram um cenário de radicalização que põe em risco tanto a segurança do nosso trabalho quanto a verdade factual em si. As consequências podem ser nefastas, a começar pelo modo como vêm sendo construídas políticas públicas no país, sem lastro nos fatos", diz Tai Nalon, diretora-executiva do Aos Fatos.
De acordo com o contador de declarações falsas ou distorcidas do presidente mantido pelo Aos Fatos, em 1.315 dias, Bolsonaro proferiu 5.954 falsidades e distorções. Dessas, cerca de 600 têm algum grau de desinformação sobre eleições — sejam elas ataques às urnas, às pesquisas de opinião ou à Justiça Eleitoral como um todo.