A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, passou a ser alvo de ataques misóginos nas redes desde a última quinta-feira (5), quando foi identificada como uma das mulheres denunciantes de atos de assédio que teriam sido praticados pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Ele nega as acusações.
O caso veio a público em reportagem do Metrópoles, que divulgou em primeira mão um comunicado da organização Me Too Brasil, responsável por representar as mulheres que denunciaram Almeida.
- O Radar Aos Fatos identificou ao menos 29 mensagens no Telegram que tentam ridicularizar o caso com comentários sobre a aparência física da ministra ou imagens com teor sexual;
- Os posts atingiram 7.700 visualizações na rede;
- No Instagram, publicações do tipo foram curtidas ao menos 4.000 vezes;
- Aos Fatos também encontrou publicações misóginas com menor alcance no WhatsApp e no Facebook.
Alguns dos conteúdos mencionam atributos físicos de Anielle Franco para colocar em dúvida a veracidade das denúncias contra Almeida. Outros fazem referências machistas à aparência da ministra, mesmo partindo do pressuposto de que os atos de assédio de fato teriam acontecido.
Há ainda posts que usam o silêncio público da ministra para alegar que Almeida estaria sendo vítima de uma armação para destituí-lo do cargo. Aos Fatos decidiu não reproduzir os conteúdos. Segundo o UOL, a ministra confirmou as denúncias em conversa com outros colegas de Esplanada — mas ainda não há pronunciamento oficial.
O governo determinou que a AGU (Advocacia-Geral da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União) apurem o caso. Na tarde desta sexta-feira (6), em entrevista à rádio Difusora, de Goiânia, Lula disse que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”.
Usuários também compartilharam posts de cunho racista contra Silvio Almeida. Uma das correntes identificadas relaciona, sem provas, o ministro ao consumo de drogas, inclusive usando o vídeo em que ele se defende das acusações. Também circulam montagens sexualmente explícitas relacionadas à denúncia.
O caminho da apuração
Aos Fatos fez buscas em redes sociais por publicações relacionadas às denúncias de abuso sexual contra o ministro Silvio Almeida. Também levantou mensagens no WhatsApp e Telegram mencionando Almeida ou a ministra Anielle Franco.
Depois, analisou o conteúdo das publicações e somou o alcance daquelas que continham discurso de ódio contra os envolvidos.