André Janones, e não Rui Falcão, chamou Nikolas Ferreira de ‘chupetinha’ durante reunião da CCJ

Não é verdade que o deputado federal e presidente da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) da Câmara dos Deputados, Rui Falcão (PT-SP), chamou o colega Nikolas Ferreira (PL-MG) de “chupetinha” durante audiência na última terça-feira (28). O deputado federal André Janones (Avante-MG) admitiu ter sido o autor da ofensa. Nas imagens de transmissão da sessão legislativa, também é possível ver que o microfone de Falcão estava desligado quando o xingamento homofóbico foi proferido.

As publicações enganosas acumulam ao menos 1.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (29). O conteúdo também tem sido disseminado em grupos no Telegram e no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).

O deputado federal Rui Falcão(PT-SP) atacou o deputado federal Nikolas Ferreira(PL-MG) em plena Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e sendo o presidente da mesma. Essa é a democracia que o PT defende?

A ofensa “chupetinha”, direcionada ao deputado Nikolas Ferreira durante sua participação na audiência da CCJ da Câmara dos Deputados na última terça-feira (28), tem sido atribuída de maneira enganosa ao presidente da comissão, Rui Falcão. O autor da declaração foi, na verdade, o deputado André Janones, que admitiu ter proferido o xingamento na manhã desta quarta (29).

Durante a fala de Ferreira, Janones fez diversas interrupções e usou palavras como “chupeta” e “Nikole” para se referir ao parlamentar. O último apelido faz menção a um episódio protagonizado por Ferreira no Dia Internacional da Mulher, quando usou uma peruca para realizar um discurso transfóbico no plenário da Câmara.

Indícios presentes na própria transmissão também desmentem que o petista seria o autor da declaração homofóbica. É possível verificar, nas imagens da TV Câmara, que o microfone de Falcão não estava ligado no momento em que a frase “vai, chupetinha” foi proferida na audiência. Logo depois, quando Ferreira diz não ter compreendido a declaração, uma luz se acende no microfone do presidente da comissão que, aí sim, diz que o deputado do PL deve prosseguir com sua fala.

Tira-teima. No momento em que a frase “vai, chupetinha” é proferida durante audiência, microfone de Rui Falcão estava desligado (à esquerda) (Reprodução/TV Câmara)

Notas taquigráficas. A confusão sobre o caso extrapolou as redes e atingiu a própria equipe de transcrição da CCJ, que atribuiu o xingamento a Falcão nas notas taquigráficas da audiência divulgadas na noite de terça (28). Horas depois, no entanto, o documento foi atualizado e passou a atribuir a declaração a um deputado “não identificado”. Essa informação constava nas notas até o começo da manhã de hoje. Por volta das 11h, o registro foi atualizado e passou a atribuir a frase a Janones (veja abaixo).

Identificação. As notas taquigráficas da CCJ foram atualizadas na manhã desta terça-feira (29) para atribuir a frase ao deputado do Avante

O fato de a ofensa ter sido proferida por Janones exatamente no momento em que Falcão parece dizer algo com o microfone desligado confundiu até mesmo veículos de imprensa. Logo após o ocorrido, o jornal O Globo publicou uma reportagem intitulada “Presidente da CCJ usa apelido homofóbico para se referir a Nikolas Ferreira: ‘Chupetinha’”. Depois, no entanto, o jornal se corrigiu.

'Chupetinha'. O apelido de Ferreira foi popularizado após a viralização de uma peça de desinformação. No final do ano passado, publicações no Twitter disseminaram vídeos que supostamente mostrariam o parlamentar tendo relações sexuais com outros homens. As imagens, no entanto, foram retiradas de filmes pornográficos dos atores Joey Mills e Mike Styles.

Antes da popularização, no entanto, Ferreira já havia sido chamado de “chupetinha de genocida” pelo influenciador Felipe Neto, que alega que o apelido seria motivado pela infantilidade do deputado.

Referências:

1. G1
2. Metrópoles
3. Câmara dos Deputados (1 e 2)
4. O Globo
5. UOL