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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

5 fatos sobre a vacina contra a febre amarela

Por Ana Rita Cunha

24 de março de 2018, 02h00

Desde a última terça-feira (20), todo o território brasileiro passou a ser considerado área de recomendação para vacina contra a febre amarela. A determinação é do Ministério da Saúde, que prepara uma ofensiva contra boatos sobre a vacina que protege da doença.

Diante disso, Aos Fatos foi às bases científicas mais confiáveis para tirar as seguintes dúvidas: a vacina de dose fracionada funciona? A vacina é pior do que a doença? Quantas vezes precisa tomá-la? Veja abaixo cinco fatos que auxiliarão a responder a essas perguntas.


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A dose fracionada protege

A dose fracionada da vacina de febre amarela é um quinto da dose regular da vacina, mas isso não diminui a eficiência da imunização da vacina. Apesar da quantidade menor, a dose fracionada ainda induz o organismo a produzir anticorpos em níveis necessários à proteção contra a doença.

O impacto possível do fracionamento da dose seria na duração da imunização. Estudo realizado pelos institutos Bio-Manguinhos em conjunto com a Fiocruz apontou a presença de anticorpos contra febre amarela em pessoas vacinadas com a dose fracionada após oito anos da data de vacinação na mesma proporção que vacinados com a dose integral. Ainda não existem dados sobre uma duração maior porque as pesquisas sobre esse tipo de vacina começaram em 2009. Segundo o Ministério da Saúde, estudos estão em andamento para avaliar a imunização após esse período.

O método de produção de vacinas com doses fracionadas foi criado para permitir a produção rápida de vacinas para imunizar a população durante epidemias de doenças.

Em 2016, as vacinas com dose fracionada foram usadas para conter a epidemia de febre amarela em Angola e na República do Congo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) acompanhou e revisou os dados sobre esses dois países e não constatou redução na resposta imune, nem aumento de efeitos adversos.


2

Não é preciso tomar a vacina a cada 10 anos

A OMS mudou a orientação sobre a necessidade de tomar uma segunda dose da vacina da febre amarela após dez anos da primeira imunização, passando a ser suficiente uma dose na vida. A alteração foi feita em 2013, mas apenas em julho de 2016 a organização eliminou a exigência da segunda dose para viajantes internacionais. O Ministério da Saúde aderiu às mudanças da OMS e passou a adotar a indicação de dose única.


3

A febre amarela mata muito mais do que a vacina

A letalidade da febre amarela no Brasil tem sido em torno de 30%, ou seja, se 250 mil pessoas fossem diagnosticadas com a doenças, 75 mil morreriam.

No caso da vacina, o risco de letalidade é muito inferior. A vacina de febre amarela gera efeitos adversos graves em 1 a cada 250 mil pessoas vacinadas, segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), sendo que a maior parte das pessoas que sofrem esses efeitos graves morrem.

A vacina da febre amarela tem sido usada a mais de 70 anos e é considerado o meio mais eficaz para conter o avanço da doença tanto pelo Ministério da Saúde quanto pela OMS. De acordo com a OMS, durante processos de vacinação em massa para conter surtos ou epidemias, há uma concentração temporária de efeitos adversos criando a percepção equivocada de alta letalidade da vacina.

De janeiro a 13 de março, foram vacinadas 17,8 milhões de pessoas, segundo dados preliminares enviados pelas Secretarias de Saúde dos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo ao Ministério da Saúde. Até 2019, o governo brasileiro pretende imunizar mais 77,5 milhões de pessoas.


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Grávidas e idosos dependem de avaliação médica para vacinar

O Ministério da Saúde recomenda que gestantes e idosos devem ter a margem de benefício e risco da vacinação avaliada individualmente pelos médico. A maior possibilidade de exposição à doença, por exemplo, por residir em área com surto de febre amarela pode aumentar a indicação à vacina, enquanto baixa imunidade pode diminuir a vantagem de se vacinar.

No caso de gestantes, o Ministério da Saúde e a OMC recomendam a vacinação com a dose padrão por causa da ausência de pesquisas sobre o efeito da dose fracionada nesse grupo específico.

A vacina contra a febre amarela é contraindicada em crianças menores de 9 meses, mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade e pessoas com HIV com baixa contagem de células CD4. Outras contraindicações para a vacinação contra febre amarela são hipersensibilidade severa a componentes do ovo, imunodeficiência congênita ou adquirida grave e pessoas em tratamento com quimioterapia ou radioterapia.


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Todos os estados têm recomendação de vacinação

Todo o território brasileiro passou a ser considerado área de recomendação para vacina contra a febre amarela desde a última terça-feira (20). Segundo o Ministério da Saúde, “a medida é preventiva e tem como objetivo antecipar a proteção contra a doença para toda população em caso de um aumento na área de circulação do vírus.”

Antes da ampliação, todos os estados da região norte e centro-oeste tinha recomendação de vacinação contra a febre amarela. No nordeste, o Maranhão tinha recomendação de vacinação em todo território, a Bahia e a Piauí, apenas em alguns municípios, enquanto os outros estados da região não estavam nas áreas sem recomendação. No Sul e Sudeste, Minas Gerais e Espírito Santo tinha recomendação de vacinação em todo território enquanto no resto dos estados, a recomendação era apenas parcial.

A vacinação tem sido a forma mais eficiente no combate da febre amarela. A baixa cobertura de vacinação, principalmente nas populações de áreas rurais com condições propícias à circulação viral em ciclo silvestre, tiveram papel central nos últimos surtos de febre amarela, segundo o Ministério da Saúde. Até abril de 2019, o governo espera vacinar 77,5 milhões de pessoas em 1.586 municípios que passaram a fazer parte das áreas de recomendação de vacinação contra a febre amarela. O objetivo é que 95% da população esteja imunizada à doença.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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