Minutos antes do início da sessão na Câmara que analisará a denúncia contra Michel Temer nesta quarta-feira (2), 39 dos 283 dos deputados que haviam declarado publicamente seus votos são investigados pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Somado aos que ainda não declararam como devem votar, o número de investigados na Lava Jato que definirão o destino de Temer sobe para 71.
Considerando ainda os parlamentares que foram citados em delações ou aparecem em planilhas, o número de implicados é proporcionalmente maior entre os que apoiam o presidente: 51%. Entre os que aceitarão a denúncia, 40,4%.
O dado é resultado de levantamento feito por Aos Fatos nas bases do Supremo Tribunal Federal, com auxílio da base de dados Lava Jota e de enquete do jornal Folha de S.Paulo. As promessas de voto também foram rechecadas junto às redes sociais dos deputados em questão.
Temer é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de crime de corrupção passiva ao receber R$ 500 mil de um total prometido de R$ 38 milhões via o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.
A denúncia contra o presidente foi encaminhada pelo STF à Câmara no dia 29 de junho. São necessários 342 votos a favor do prosseguimento da ação para que ela seja encaminhada ao STF. A ação teve parecer desfavorável na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Citados e investigados. Do total de 283 deputados que haviam declarado voto até as 23h59 de domingo, 86 figuram nas delações — desde a de Paulo Roberto Costa, fechada em agosto de 2014, até a de Joesley Batista, em junho deste ano.
Outros nove parlamentares não estão nas listas de delatados, mas são alvos no STF de inquérito relativo ao desdobramento das investigações.
Vinte e sete deputados estão nas duas categorias: citados em colaborações premiadas e investigados no âmbito da Lava Jato. Entretanto, estar na mira da Justiça parece não influenciar no posicionamento dos parlamentares diante da aceitação ou rejeição da denúncia contra Temer.
Dezesseis dos 27 parlamentares afirmaram serem favoráveis à aceitação. Um deles é Arlindo Chinaglia (PT-SP), suspeito de receber R$ 10 milhões em propina para liberar uma obra da Odebrecht. Ele também consta da lista de beneficiários de doações da JBS, conforme documentos entregues por Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais da empresa. O deputado nega ter recebido propina.
Os outro nove parlamentares, se seguirem o que prometeram, votarão contra a aceitação da denúncia. Um exemplo é Beto Mansur (PRB-SP), cujo nome integra o rol de supostos beneficiários de doações da JBS. Ele é investigado pelo recebimento de valores da Odebrecht em troca de favorecimento de interesses da construtora em Santos (SP), cidade da qual Mansur foi prefeito até 2004. O deputado nega irregularidades.
Os nomes dos deputados — e, consequentemente, seus respectivos votos — podem mudar. Diversas siglas substituíram, de última hora, alguns de seus representantes na Câmara para que ratifiquem o posicionamento das legendas.
Veja como os deputados federais afirmam que votarão e como estão implicados na Lava Jato