🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

WhatsApp concentra ondas de ataques misóginos a mulheres na política

Por Ethel Rudnitzki e João Barbosa

8 de março de 2023, 15h32

O uso de termos misóginos para atacar mulheres que se destacam na política não é uma exclusividade do governo ou da oposição. Análise do Aos Fatos a partir de 253 grupos de WhatsApp monitorados indica que correntes que citam de forma depreciativa 20 mulheres em evidência no cenário político atual – de direita, centro e esquerda – foram compartilhadas mais de 1.300 vezes entre janeiro de 2022 e março deste ano.

Para chegar aos ataques mais empregados, Aos Fatos selecionou as menções negativas nos grupos públicos de discussão monitorados a 20 mulheres com destaque na política hoje (Anielle Franco, Bia Kicis, Carla Zambelli, Caroline de Toni, Clarissa Tércio, Damares Alves, Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Janaína Paschoal, Janja da Silva, Maria do Rosário, Marina Silva, Margareth Menezes, Michelle Bolsonaro, Regina Duarte, Silvia Waiãpi, Simone Tebet, Sonia Guajajara, Tabata Amaral e Tereza Cristina).

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Ao todo, 18 termos misóginos foram usados para se referir a essas mulheres. Entre as mais atacadas, estão figuras do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a primeira-dama Janja da Silva e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Mas, na sequência, aparecem mulheres do campo bolsonarista, como a senadora Damares Alves (Republicanos-RS) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Os adjetivos “louca” e “burra” são os mais frequentes, tendo aparecido em mensagens que circularam 456 vezes nos grupos monitorados. Esse tipo de ofensa intelectual atingiu 9 das 20 mulheres (Carla Zambelli, Damares Alves, Dilma Rousseff, Janja da Silva, Janaina Paschoal, Maria do Rosário, Marina Silva, Michelle Bolsonaro e Simone Tebet).

Termos depreciativos de conotação sexual também foram empregados com frequência. O adjetivo “vagabunda” aparece em mensagens compartilhadas ao menos cem vezes na amostra em referência a 11 das 20 mulheres analisadas (Bia Kicis, Carla Zambelli, Damares Alves, Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Janja da Silva, Maria do Rosário, Marina Silva, Michelle Bolsonaro, Simone Tebet e Tabata Amaral).

Janja também foi mencionada com o apelido "canja", em correntes que circularam 190 vezes. Já Gleisi foi citada com frequência como “amante”, alcunha surgida na esteira do escândalo de propinas da Odebrecht e que foi apropriada pelos detratores da petista. O mesmo termo foi empregado em referência a Michelle Bolsonaro.

Adjetivos que atacam essas mulheres pela aparência foram utilizados em textos que circularam ao menos 131 vezes nos grupos de WhatsApp da amostra. Os termos que mais aparecem com esse contexto são “feia”, “gostosa” e “velha”, além de comentários sobre roupas. Críticas aos vestidos usados por Janja na posse presidencial e em seu casamento, por exemplo, foram encaminhados pelo menos 76 vezes entre janeiro e março deste ano.

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