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Vídeo sobre falhas já resolvidas em urnas viraliza em semana de testes de segurança no TSE
Fora de contexto, um vídeo de 2018 em que um representante da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) cita falhas encontradas em urnas eletrônicas nos testes de segurança de 2016 e 2017 viralizou entre bolsonaristas nesta semana para atacar o sistema de votação. As publicações omitem, entretanto, que os problemas foram constatados em um ambiente controlado e corrigidos posteriormente pela Justiça Eleitoral. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) iniciou na quarta-feira (11) a segunda fase dos testes públicos de segurança dos equipamentos para as eleições deste ano.
"A verdade mais crua sobre o que vinha ocorrendo com as urnas eletrônicas usadas no nosso Sistema Eleitoral", postou no Facebook o cantor Netinho (PL), pré-candidato a deputado federal na Bahia, na terça-feira (10), reunindo ao menos 105 mil visualizações. No TikTok, uma reprodução da gravação já obteve meio milhão de visualizações e o registro também tem sido frequente em grupos no Telegram.
Quem aparece no vídeo é o advogado Alberto Emanuel Albertin Malta, que menciona vulnerabilidades nas urnas detectadas pela equipe da APCF que participou dos testes no TSE, como a possibilidade de ataque ao sistema de inicialização do equipamento e de geração de boletim de urna falso. Essas falhas foram solucionadas posteriormente pela corte. A fala dele aconteceu no julgamento da minirreforma eleitoral no STF (Supremo Tribunal Federal), em 2018, quando Malta defendeu o comprovante impresso do voto.
O presidente da APCF, Marcos Camargo, afirmou ao Aos Fatos nesta sexta-feira (13) que, embora a entidade considere a impressão do comprovante de voto um elemento a mais de auditoria, não cabe à associação, mas às autoridades eleitorais decidir sobre o tema. Ele também ressaltou que as observações feitas pelo advogado em 2018 não provam que o sistema é passível de manipulação, pois os testes públicos são pontuais, e, nas eleições, existem diversas camadas extras de proteção para identificar e barrar eventuais fraudes.
"Quando você identifica uma vulnerabilidade [nos testes], não quer dizer que ela vai ocorrer. Não quer dizer que é fácil de ocorrer. Não quer dizer que vai fraudar uma eleição", disse.
Este vídeo já havia circulado fora de contexto em 2021, quando o Congresso Nacional discutia a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que instituía o voto impresso e que foi derrotada. Naquela época, a APCF também se posicionou contra as alegações de fraudes.