🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Silêncio de Bolsonaro alimenta correntes golpistas no WhatsApp e no Telegram

Por Bianca Bortolon, Ethel Rudnitzki, João Barbosa e Milena Mangabeira

1 de novembro de 2022, 14h40

O silêncio de Jair Bolsonaro (PL) desde que foi derrotado na tentativa de reeleição, no domingo (31), serve como munição para a disseminação de correntes enganosas que negam a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pedem por uma intervenção militar.

  • O Radar Aos Fatos identificou ao menos 29 correntes, em grupos de WhatsApp que especulavam sobre o assunto;
  • Elas somam mais de 171 encaminhamentos entre domingo (30) e terça (1º);
  • Quatro das correntes tinham links para vídeos de teor golpista no YouTube;
  • No Telegram, mensagens sobre o silêncio do presidente foram compartilhadas 739 vezes nas últimas 40 horas.

A maioria das mensagens orienta apoiadores do presidente a aguardar 72 horas para seu pronunciamento e seguir com bloqueios nas estradas, pois esse seria o prazo necessário para implementação de uma intervenção militar por meio do artigo 142 da Constituição Federal.

O prazo é falso, e a Carta não prevê a possibilidade de uma intervenção militar, restringindo-se a diretrizes sobre o funcionamento das Forças Armadas, conforme já desmentido pelo Aos Fatos.

A orientação enganosa acompanha corrente que divulgava diversos grupos de Telegram criados para organizar paralisações em estados brasileiros. Parte dessas comunidades já foi banida pela plataforma nesta terça-feira (1º).

Outras dizem que o silêncio do presidente seria parte do plano para que as Forças Armadas possam tomar o poder. “Estão dizendo que O presidente está proibido de se pronunciar, pois as FFAA querem ver se o povo vai REAGIR indo pras ruas por vontade própria, sem que o PR fale algo e que depois a ESQUERDA alegue que ele insuflou revolta”, afirma mensagem encaminhada 18 vezes desde o final da apuração das eleições.

Mais uma vez, a informação é falsa, já que não há dispositivo legal para que seja feita uma intervenção militar.

Ainda, 88 encaminhamentos foram de mensagens que reproduziam tweet antigo do presidente que anunciava um pronunciamento. Na verdade, a publicação se referia a anúncio realizado no sábado (29), véspera da eleição.

O silêncio do presidente também levou apoiadores a especularem sobre o que ele teria conversado a portas fechadas com aliados. Uma corrente que circulou 37 vezes dizia que ele teria assinado um decreto para instituir um Tribunal Constitucional Militar para desfazer ações do STF (Supremo Tribunal Federal). Outra, com 65 compartilhamentos, dizia que ele estaria aguardando relatório das Forças Armadas apresentando fraudes nas eleições. Nenhuma dessas informações é verdadeira.

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