🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Bolsonaro mentiu sobre território Yanomami 19 vezes, até na Assembleia da ONU

Por Amanda Ribeiro

25 de janeiro de 2023, 16h02

Apesar de ter afirmado nas redes que o cuidado com os povos indígenas sempre foi prioridade do governo federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) professou mentiras para subestimar a população Yanomami ao longo de seus quatro anos de mandato. Em ao menos 19 ocasiões, Bolsonaro — declaradamente contrário à política de demarcação — minimizou o número de habitantes da região a fim de criticar políticas públicas de proteção aos indígenas.

  • Em algumas ocasiões, Bolsonaro disse que governos anteriores teriam delimitado uma área equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro para apenas 8.000 indígenas, o que é falso;
  • Maior território demarcado do Brasil, a Terra Indígena Yanomami de fato ocupa uma vasta extensão (96,6 mil km²), entre os estados de Amazonas e Roraima, que faz fronteira com a Venezuela, o que ensejou desinformação na última semana;
  • A população que vive lá é consideravelmente maior que a alegada por Bolsonaro em diferentes ocasiões: segundo o Ministério da Saúde, há atualmente em torno de 30 mil indígenas na região;
  • Bolsonaro citou um número falso até na Assembleia Geral da ONU: “A reserva Yanomami, sozinha, conta com aproximadamente 95 mil km² , o equivalente ao tamanho de Portugal ou da Hungria, embora apenas 15 mil índios vivam nessa área”.

Bolsonaro contou mentiras sobre os Yanonami em ocasiões diversas, conforme registra o contador de declarações do ex-presidente organizado pelo Aos Fatos. Houve falas em entrevistas à imprensa, discursos oficiais, encontros com apoiadores no cercadinho do Palácio do Planalto — além do discurso na ONU, quando ele atacou a política de demarcação e defendeu projetos que permitiam a exploração econômica de terras indígenas.

Saúde. Questionado sobre o estado de saúde dos Yanomami na terça-feira (24), o ex-presidente sugeriu que o povo não teria passado dificuldades em seu mandato com base em uma suposta conversa com indígenas que teria acontecido durante visita à cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), em maio de 2021. Na ocasião, segundo ele, os Yanomami teriam lhe pedido apenas acesso à internet.

À época, a visita suscitou uma nova desinformação sobre o povo: a de que nenhum indivíduo teria morrido de Covid-19 na região graças ao consumo de um chá de casca de árvore. Em uma empreitada desinformativa em defesa do tratamento precoce e contra as vacinas de Covid-19, o ex-presidente anunciou a suposta cura milagrosa dos Yanomami em ao menos sete ocasiões ao longo de 2021.

Emergência em saúde. No último sábado (21), diante de casos graves de desnutrição, malária e infecção respiratória, o governo federal decretou emergência em saúde pública no território Yanomami. A violência, a poluição e as doenças trazidas pelo garimpo ilegal são apontadas como a principal fonte do problema. Até o momento, cerca de 1.000 indígenas foram resgatados para tratamento médico.

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