Embate entre Lula e Padre Kelmon no debate da Globo fomenta violência política nas redes
Chamado de “padre de festa junina” pela candidata Soraya Thronicke (União Brasil), o que lhe rendeu um direito de resposta, o presidenciável Padre Kelmon (PTB) trocou papéis durante os intervalos com o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), desrespeitou as regras do debate em mais de uma ocasião e protagonizou o mais acalorado bate-boca da noite, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A performance contra o petista viralizou em redes bolsonaristas. O embate com microfones desligados levou o mediador William Bonner a interromper a interação para pedir que os candidatos se acalmassem. Embora a troca de ofensas tenha sido mútua, com Lula o chamando de “fariseu”, para os bolsonaristas Kelmon saiu vitorioso — o que rendeu conteúdos que incentivam a violência política.
Uma montagem do ex-presidente ensanguentado, com a legenda “o padre já foi?”, teve mais de 2.500 visualizações no Telegram, sendo compartilhada também em versão de vídeo no WhatsApp. Outro vídeo que circulou no aplicativo coloca sob o rosto de Lula um filtro que imita um olho roxo.
As postagens violentas também foram endossadas no Twitter pelo próprio Padre Kelmon, que compartilhou uma montagem que mostraria ele “exorcizando” o ex-presidente, que aparece com os olhos virados. “Continuem em oração! Está quase lá!”, escreveu, atingindo mais de 48 mil interações. A imagem havia sido compartilhada durante a madrugada pelo influenciador bolsonarista Bernardo Küster, com a legenda “sai, capeta”, e também foi parar em grupos bolsonaristas no WhatsApp.
Petistas também promoveram ataques ao Padre Kelmon, mas em menor escala. Candidata a deputada federal no Rio de Janeiro, Elika Takimoto (PT) tuitou que “bateria no padre”, atingindo mais de 92 mil interações.