🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Secom paga anúncio no TikTok pela primeira vez

Por Ethel Rudnitzki

20 de junho de 2022, 11h49

A Secom (Secretaria Especial de Comunicação) do governo Jair Bolsonaro (PL) pagou pela primeira vez por anúncios no TikTok. A pasta desembolsou R$ 157 mil para impulsionar publicações na plataforma entre 26 e 31 de janeiro deste ano, segundo nota fiscal emitida em março pela Bytedance, empresa responsável pelo TikTok. Os vídeos somaram 51,6 milhões de visualizações, de acordo com relatório da empresa.

Sem um perfil oficial no TikTok, a Secom teve os conteúdos promovidos por meio de uma conta comercial. Não é possível acessar os vídeos impulsionados após o fim do período de contratação, mas eles tratavam do Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família e é uma das principais bandeiras eleitorais de Bolsonaro. Em sua política de anúncios, a plataforma proíbe conteúdos políticos, exceto os que contenham informações de utilidade pública e que sejam aprovados pela empresa.

Procurados pelo Aos Fatos, a Secom e o TikTok não quiseram comentar.

Relatório produzido pelo TikTok mostra a quantidade de visualizações que o conteúdo pago pela Secom teve na plataforma

Os anúncios da Secom faziam parte da campanha “Governo Fraterno”, que custou ao todo R$ 53,5 milhões, segundo relatório do governo. O valor pago ao TikTok representa menos de 1% do total, mas significa um primeiro passo na exposição paga do governo federal na plataforma.

No ano passado, o Brasil se tornou o segundo país que mais usa o aplicativo de vídeos curtos no mundo, atrás apenas da China, segundo levantamento da consultoria alemã Statista. Bolsonaro mantém uma conta oficial na plataforma, onde acumula 1,7 milhão de seguidores e replica alegações enganosas disseminadas em outras redes sociais.

Em fevereiro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) anunciou uma parceria com o TikTok para o combate à desinformação eleitoral. Segundo levantamento do Radar Aos Fatos, vídeos com ataques às urnas eletrônicas acumulam mais de 5 milhões de visualizações na plataforma, o equivalente a um terço da audiência de postagens sobre o tema na amostra analisada.

Desde governos anteriores, a Secom paga por publicidade nas maiores plataformas digitais, como a busca do Google, o Facebook, o Instagram, o YouTube, e, nos últimos anos, também no LinkedIn e no Spotify. Assim como acontece com as demais empresas, o pagamento ao TikTok foi intermediado por uma agência de publicidade, neste caso a Artplan, que venceu uma licitação para atender a conta da Secom. Por isso, os pagamentos não aparecem totalmente no Portal da Transparência, mas as notas fiscais ficam disponíveis no SEI (Sistema Eletrônico de Informações) do Ministério das Comunicações.

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