🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que FDA aprovou uso da hidroxicloroquina para todos os pacientes com Covid-19

Por Luiz Fernando Menezes

13 de abril de 2020, 15h04

A FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora de medicamentos e alimentos do governo americano) não aprovou o uso da hidroxicloroquina no tratamento de qualquer infecção por Covid-19 nos EUA, como diz um texto que circula nas redes sociais (veja aqui). Na verdade, o órgão permitiu a utilização do medicamento em alguns casos de pacientes hospitalizados.

O texto distorce informações ainda ao afirmar que o CEO da Novartis, Vas Narasimhan, disse ter estudos que comprovam a eficácia da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus. Em declarações recentes, o executivo citou genericamente pesquisas “pré-clínicas” e “estudos clínicos preliminares” e ressaltou a falta de evidências conclusivas.

A publicação enganosa tem circulado principalmente no WhatsApp e foi sugerida para checagem por leitores do Aos Fatos no aplicativo de mensagens (inscreva-se aqui). No Facebook, o texto foi reproduzido em postagens que acumulavam ao menos 2.000 compartilhamentos na tarde desta segunda-feira (13). Os posts foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

O FDA, a agência americana de regulamentação de remédios, aprovou o uso de hidroxicloroquina em todos os pacientes com o Covid-19.

No dia 28 de março, a FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, autorizou o uso emergencial do sulfato de hidroxicloroquina e do fosfato de cloroquina no tratamento de alguns pacientes hospitalizados devido à Covid-19. Ou seja, as substâncias não foram liberadas para o uso geral, como afirma o texto que circula nas redes sociais.

A permissão restrita ao medicamento foi justificada pela FDA por relatos de pacientes que melhoraram após tratamento com a droga, mas a agência reguladora ressalta que não é possível determinar se isso aconteceu por causa da hidroxicloroquina.

Até esta segunda-feira (13), não havia no site da agência reguladora qualquer indicação de tratamento contra a Covid-19 com uso de hidroxicloroquina.


FALSO

O CEO da Novartis anunciou que já tem em mãos os resultados de pesquisas que comprovam que a hidroxicloroquina mata o vírus.

Aos Fatos não identificou declarações públicas de Vas Narasimhan, CEO da Novartis, que atestem este trecho da mensagem que circula nas redes sociais. Em entrevistas recentes, o executivo citou superficialmente a existência de estudos pré-clínicos em animais, mas ressaltou que faltam evidências de que a hidroxicloroquina cure a Covid-19.

Em entrevista ao jornal suíço SonntagsZeitung no dia 29 de março, Narasimhan afirmou: “Estudos pré-clínicos em animais, bem como os primeiros dados de estudos clínicos mostram que a hidroxicloroquina mata o coronavírus. Estamos trabalhando com hospitais suíços em possíveis protocolos de tratamento para o uso clínico do medicamento, mas ainda é cedo para dizer algo definitivamente”. O empresário, no entanto, não cita a quais estudos se refere.

Antes, em 27 de março, ele disse à CNBC, em referência a pesquisas sobre a eficácia da droga contra o novo coronavírus: “eu acho que é muito cedo para ter certeza até que tenhamos controlado adequadamente estudos randomizados. Esperamos que, nos próximos 18 meses a dois anos, possamos voltar com uma vacina que será a maneira definitiva de lidar com essa pandemia".

O grupo farmacêutico realmente anunciou a doação de 130 milhões de doses de 200 mg de hidroxicloroquina para pesquisas, como diz o texto checado. A Novartis, porém, também afirmou que a eficácia do medicamento ainda carece de aprovação clínica. “Atualmente, a hidroxicloroquina e um medicamento relacionado, a cloroquina, estão sendo avaliados em ensaios clínicos para o tratamento da Covid-19. A Novartis está apoiando os esforços contínuos de ensaios clínicos e avaliará as necessidades de ensaios clínicos adicionais”, disse.

Referências:

1. FDA (Fontes 1, 2 e 3)
2. Reuters
3. CNBC
4. Novartis


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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