🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Damares não cancelou indenizações de anistiados políticos

Por Luiz Fernando Menezes

26 de fevereiro de 2019, 19h53

Publicações que circulam nas redes sociais trazem a informação falsa de que Damares Alves, ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, teria cancelado 2.000 indenizações de anistiados políticos, entre elas, as que seriam pagas aos ex-presidentes FHC e Lula e aos artistas Chico Buarque e Gilberto Gil. Nenhum dos citados, no entanto, recebe o benefício e tampouco há notícia de que as reparações que são pagas hoje tenham sido suspensas ou canceladas.

No Facebook, posts com a informação enganosa acumulavam mais de 24 mil compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (26). Tais publicações foram marcadas por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Ministra Damares cancela pagamento de 2.000 anistiados, entre eles FHC, Lula, Chico Buarque, Gilberto Gil. A farra acabou!

Por mais que Damares Alves tenha dito no final de janeiro que sua pasta está revisando o pagamento a anistiados políticos, não houve, até o momento, cancelamento de benefícios. Os nomes de políticos e artistas listados na peça de desinformação também não constam na lista do Ministério da Defesa dos pedidos feitos à Comissão Nacional de Anistia até outubro de 2018 (a última disponível). Nela, estão todos os que requisitaram indenizações reguladas pela Lei 10.559/2002, que estabeleceu os pagamentos aos anistiados políticos, e que hoje estão sob o guarda-chuva do Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos.

A associação desses artistas e políticos com a indenização já circula nas redes há anos sob alcunha de 'Bolsa Ditadura' e foi checada no mês passado pelo Aos Fatos. Chico Buarque e Gilberto Gil ingressaram com processos judiciais por danos morais em razão da disseminação desta desinformação, assim como Caetano Veloso e a atriz Marieta Severo.

Lula, por sua vez, recebe outro benefício como anistiado: uma aposentadoria excepcional concedida em 1993 pelo Ministério do Trabalho, e paga pelo INSS, em razão de perseguições sofridas pelo petista durante sua atuação sindical na ditadura militar. Em 2009, uma investigação do Ministério Público Federal no Distrito Federal considerou legal o pagamento do benefício. A concessão desse tipo de aposentadoria foi extinta com a lei sancionada em 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não recebe aposentadoria ou indenização de anistiado político.

Hoje, segundo a Lei 10.559/2002, os pedidos de indenização aprovados pela Comissão Nacional de Anistia podem ser pagos em parcela única — aos que não puderem comprovar que estavam empregados quando tiveram seus direitos violados — ou em prestação mensal — concedida aos que provaram terem perdido o emprego por perseguição política.

Cerca de 4.300 pessoas recebem esta indenização mensalmente, segundo dados do Ministério da Economia de janeiro deste ano, última informação disponível.

A aprovação e o pagamento são coordenados pela Comissão Nacional de Anistia. Desde a posse do governo Bolsonaro, a estrutura foi transferida do Ministério da Justiça e Segurança Pública para a pasta da Família, Mulher e Direitos Humanos, comandada por Damares.

A proposta de reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) prevê mudanças para os anistiados políticos. Caso a medida seja aprovada, eles perderão a isenção de Imposto de Renda e deverão contribuir para a Previdência Social nas mesmas alíquotas hoje impostas aos aposentados e pensionistas.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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